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junho 22, 2006

"The One that got away"

A tradução à letra desta expressão para a Língua de Camões (saudações primatas, companheiro de luta) quer dizer algo como “aquele/a que escapou”. A ideia é simples, refere-se a alguém que em tempos significou algo de especial para nós, mas que, por uma razão ou por outra, já não faz parte da nossa esfera afectiva, perdurando no entanto (e aqui é que vem o busílis da questão) aquela sensação de que ficou algo por dizer ou fazer.
Todo o primata tem outro primata assim, mesmo que não o saiba – é apenas e só uma questão de tempo.
Esta situação levanta alguns problemas, tais como o que fazer quando encontramos esse orangotango do nosso passado na rua? Ou então como expor esta situação à nossa macaca-metade. É uma daquelas pedritas minúsculas mas que incomodam imenso se não forem removidas do sapato Não é que desejemos reatar esse relacionamento, já acabou, pertence a outro universo do qual já não fazemos parte…mas a tal sensação de incompleto, inacabado, diria mesmo de desencaixado, essa fica connosco. Porquê? É difícil explicar. Talvez seja a nossa necessidade como primatas evoluídos de ter a última palavra, de ficar por cima, de mostrar que saímos por cima.
Imaginem-se a martelar um prego, prego este que é mais inocente do que a cadela Lassie e o Bambi juntos. Não vos picou ou magoou, nem sequer vos dirigiu uma palavra ou um olhar. Ao martelá-lo, nós não nos detemos quando o fuso está completamente inserido na madeira ficando a cabeça completamente à face da superfície da peça, mas continuamos e damos mais três ou quatro marteladelas no pobre coitado! Porquê? Isto é um recalcamento, e as marteladelas a mais, que não vão pregar melhor o prego, somos nós a mostrar ao resto do Mundo e a nós mesmos que saímos por cima. No entanto, apesar de parecer que já lidámos com o maldito prego e resolvemos esse recalcamento, teremos sempre vontade de lhe dar mais uma martelada.

Acho que estes recalcamentos passam com a idade…ou então não. É que há por aí muitos velhos rabugentos.

1 comentário:

André Sobral disse...

Acho que esse prego que todos, muitas vezes martelamos até não é mau, porque martelas, recalcas, mas pior ainda é kuando tens de arrancar o prego à bruta, quando mazelas a superficie em martelaste para arrancar aquele pequeno prego,já viste?Fica lá um buraco...A unica hipotese mesmo será por betume, para tapar, mas mesmo assim fica a cicatriz ou então fica sempre essa sensação, não de incompleto ou de recalcado, mas de vazio...Mas não sei o que será pior...Se aquele prego que foi calcado e recalcado, ou se aquele em que foi arrancado ou aquele que à macaco teimoso e deseijeitado, martela o prego, entrota-o e sem piadade, continua a martelá-lo e acaba por mete-lo bem fundo, depois de maltratar o prego ainda o recalca...Qual das três hipoteses trará mais reprecussões para um reencontro?Já lidámos com isso, mas não é só um recalcamento, pode ser um buraco, um buraco mal tapado ou ainda um recalcamento mal"enfiado"...
Acho que nos devemos deixar de pregos, cingir-nos apenas aos encaixes, cola ou mesmo ao parafuso...não é tão constrangedor...