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outubro 04, 2010

Sarkozy Vs. Ciganos

O Parlamento Português rejeitou há uns dias a condenação da expulsão dos ciganos em França.

Certo. Está bem, sim senhor, assim é que é. Já dizia o King Kong - "Cada macaco no seu galho!". Nós nem com os nossos ciganos sabemos lidar, quanto mais com os dos outros.

Parece-me que esta questão apenas será consensual e pacífica para um genuíno atrasado mental ou para alguém que tenha certas e determinadas ideias, normalmente associadas a cruzes suásticas, cabelo curto e botas da tropa...o que é como dizer batatas ou semelhas.

Primeiro, estranho o facto de não ter escutado ainda nenhum argumento verdadeiramente digno dessa designação da parte de quem condena a posição assumida pelo presidente francês. Os argumentos mais comuns assentam em comparações com genocídio nazi dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Ora, faço aqui um pequeno parêntesis a título de apontamento pessoal para que fique registado que sempre tive a sensação que a questão do holocausto não foi ainda devidamente digerida por alguns povos europeus. Ainda hoje noto que conceitos como "alemão","nazi", "Hitler", "campo de concentração" despoletam uma espécie de reacção instintiva de pânico e ódio em bastantes pessoas – leia-se “instintiva” no sentido de emocional por oposição a racional.

Portanto, e voltando um pouco atrás, note-se que a maioria dos argumentos que ouvi contra a decisão do Sr. Sarkozy de expulsar os ciganos de França relaciona-se com o Holocausto, e, pelas razões que expus no parágrafo anterior, este tipo de argumentação tem vindo a granjear um número considerável de apoiantes, no qual não me incluo.

Não obstante, reconheço que esta atitude é discutível do ponto de vista da badalada livre circulação de pessoas e bens no Espaço Schengen. Afinal somos livres de calcorrear o território ou não? No meu ponto de vista, somos. Desde que respeitemos as leis de cada estado. Ou então porque não ponderar a aplicação desta política a estrangeiros em geral, ao invés de sobrecarregar as prisões? É deportá-los lá para onde vieram – o que no caso dos ciganos pode ser complicado.

Mas, quanto a mim, o cerne da questão é o seguinte: A França é um estado democrático dotado de uma constituição e leis. Se qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos não respeita essas leis, então só acho normal que este estado, personificado nas forças de autoridade, tome medidas, medidas estas que podem estar, tal como as leis, discriminadas na constituição ou serem decretadas por quem de direito, como é o caso.

Nem sequer vou abordar aquelas questões tradicionais como argumentar que se trata de um grupo de pessoas que, seja por motivos culturais ou outros quaisquer, adopta por vezes uma postura de isolamento e segregação face ao resto da sociedade e ostenta uma tendência assustadora para a associação a actividades ilícitas, acabando por não gerar grande empatia junto da população autóctone.

Penso que, neste caso concreto, são, dum ponto de vista racional, completamente inócuas face ao simples facto de assumirem comportamentos que não se coadunam com as leis vigentes.

Pessoalmente, penso que o problema não está na expulsão, mas sim na sua admissão. Defendo um controle sério e diferenciado do acesso ao território, pois com o acesso vêm uma série de direitos, mas, sobretudo, de deveres.

Verifica-se hoje em dia após anos e anos de um regime de entradas no país absolutamente irresponsável, que não existindo este controle, algumas das pessoas que entram no país, não estando sensibilizadas para o privilégio que lhes está a ser concedido quando lhes é dado o acesso à vida numa sociedade ocidental moderna, com sistemas de solidariedade social, estabilidade económica e política, acabam por não respeitar as bases sobre as quais assenta esse sistema…e o dito sistema acaba por entrar em colapso, mais cedo ou mais tarde.

Consequentemente, a atitude do Sr. Sarkozy não só é expectável, como também o é que se verifiquem nos próximos tempos tomadas de posição semelhantes nos restantes países da Europa.