Bombistas Suicidas e PIB

Um destes dias, enquanto assistia a um telejornal qualquer numa televisão qualquer, ao constatar que pelo septuagésimo oitavo dia consecutivo tinha sido perpetrado um atentado na forma dum bombista suicida, dei comigo, perante as imagens da destruição, a matutar na seguinte questão: Mas como é que esta gente tem dinheiro para isto tudo?

Como é possível que num país onde o rendimento médio per capita anual inferior a 250 dólares há fundos para investir em bombistas suicida?
Se formos a analisar esta questão a fundo, salta imediatamente à vista que um bombista suicida não é apenas e só umas bombas atadas a um suicida e toma lá disto. Toda esta onda do bombista suicida envolve anos de treino e de lavagem ao cérebro, um planeamento escrupuloso de modo a maximizar o parâmetro litros de sangue por quilograma de explosivo e também, pois claro, uma boa dose de sorte.

É, portanto, um investimento de alto risco, e como tal não é expectável em países como o Iraque. Mas foi então que me ocorreram os benefícios económicos e sociais deste ramo de actividade.
Os bombistas suicidas são responsáveis pela geração de inúmeros postos de trabalho, nomeadamente, fabricantes de explosivos, médicos e enfermeiros que cuidam das vítimas, agências funerárias que cuidam dos mortos, jornalistas que dão cobertura mediática, mártires resultantes dos atentados, vendedores de automóveis (já repararam na quantidade de viaturas destruídas nos atentados?), fabricantes de munições (durante o luto há sempre alguém que dispara umas rajaditas de AK-47 para o ar enquanto jura vingança), restauração (pois no rescaldo do atentado e na manifestação subsequente há sempre um ajuntamento de pessoas e onde há ajuntamento de pessoas, há sempre clientela para uma sandocha de coirato e uma cervejola), entre outros.
Os bombistas suicidas funcionam também como uma espécie de reciclador social, pois para além de ajudarem no problema de controlo de excesso de população, são responsáveis pela reciclagem do parque automóvel. Destroem viaturas às dezenas aumentando assim a probabilidade de ser necessário comprar um automóvel porque o anterior foi destruído.
E mais ainda, as famílias dos bombistas suicidas são recompensadas monetariamente pelo sacrifício do seu membro pela causa, recebendo um subsídio e enorme prestígio social entre seus pares.

Os atentados têm portanto uma contribuição parcialmente positiva para o PIB ao diminuírem a taxa de desemprego e estimularem o comércio de vários bens, para além de combaterem o envelhecimento da população e o resultante aumento de encargos sociais.

Que não se pense que quero atentados neste rectângulo à beira-mar plantado, nem sequer que simpatizo com essas formas de luta, apenas achei interessante ver a questão sob este ponto de vista, não pretendendo de forma alguma ferir quaisquer susceptibilidades com este fait divers.