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junho 26, 2009

"Não nudez" é que é

Assim de repente lembrei-me que essa coisa da “nudez”, não é nada simples. Refiro-me, obviamente, ao lado sensorialmente estimulante da “nudez”.
Aliás, pensando bem, nem sequer trata apenas de “nudez”, mas sim do binómio “nudez/contrário-de-nudez-que-doravante-designarei-por-não-nudez”. Lá está, até nesta questão do antónimo a “nudez” é complicada. Adiante…
Como responderiam os macacos que me estão próximos, quando confrontados com a questão “O que é que faz abanar mais a cauda, uma macaca nua ou uma macaca com roupa?”. Uma pequena percentagem de macacos frustados responderia “Os macacos não usam roupas, duhhh!”. Estes merecem piedade e ajuda grátis em forma de um par de estalos bem aviado.
O grosso da amostra responderia “A nua, claro! Grrraaaaaauuuu…”. Mas será mesmo assim? Pensei a fundo nesta questão anteontem enquanto estava deitado na cadeira do dentista a arrancar um dente do siso e ocorreu-me que o nu por si, integral, frontal e outras coisas terminadas em “al”, tem de facto o seu interesse – que não é de menosprezar – na medida em que apetece ter, tocar, experimentar, etc, mas torna-se desinteressante se sujeito a exposição prolongada.
Por isso é que a Playape perde toda a piada passados cinco minutos, porque, bem vistas as coisas – que é como dizer fotografias pois o texto é absolutamente dispensável – não passam de… nus! Cheios de formas e cores apelativas, é certo, mas isso também uma Playstation 3.
Em todo o planeta Terra, a única classe que desfruta a 100% duma publicação desse tipo são os peixes. Sim, os peixes. Afinal ter uma memória de 5 segundos tem as suas vantagens. O mundo que nos rodeia, mesmo que reduzido ao tamanho do aquário pousado em cima de um frigorífico, pode ser um lugar interessantíssimo e de permanente espanto se só nos lembrarmos do que se passou há cinco segundos atrás. Por isso é que os peixes têm os olhos sempre muito abertos e aquela boca de…peixe. Estão constantemente a pensar “Ah, que giro! Ena, olha lá isto! Ah, que giro! Ena, olha lá isto! Ah, que…”. Toma lá esta, Jacques Costeau.
Pois bem, aqui é que entra o conceito de “não nudez”. Penso que o que faz abanar a cauda de um macaco é a sua imaginação e é aí que está o cerne da questão. A “não nudez” tem uma dinâmica muito mais rica do que a “nudez”. Estimula a imaginação e mantém-nos a adivinhar, a especular e a desejar.
No fundo, é isso que nós queremos: queremos caçar e sentir o “prazer da caça”, queremos ser predadores e alfas, queremos tudo aquilo que nos dizem que não podemos ter. Quando nos dão o que queremos, quando se despem e temos a “nudez”, perde a piada.
Portanto, para este fim-de-semana eu desejo a todos muita “não nudez”.
Saravá.

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