A questão que me assola é a seguinte: quando as pessoas se casam, participam num ritual designado por “despedida de solteiro”. Qual é o sentido deste ritual?
Pessoalmente acho-o estranhíssimo. Resume-se tradicionalmente a uma série de situações moralmente questionáveis e ridículas, promovidas pelos acompanhantes do/a visado/a, nas quais este/a se sujeita a toda aquele embaraço na presença do público em geral e de pessoas que se dizem “seus/suas amigos/as”.
Pode, de facto, tratar-se de uma despedida, uma última noite de deboche promíscuo para marcar o inicio de uma nova etapa…Ou não!
Assim de repente ocorre-me que alguém tem uma postura de “deboche promíscuo”no quotidiano e visa “despedir-se” desta com uma última farra não está claramente preparado para assumir uma relação madura e estável com outra pessoa.
Ou então será a última oportunidade de viver experiências às quais não terá acesso após a consumação do casamento…Ou não!
Parece-me que não é por se assinar um papel que subitamente se deixa de ter curiosidade ou vontade de fazer isto ou aquilo com cicrano ou beltrano. Esta ideia do casamento ser castrador é, no mínimo, redutora.
Acho que, para o “despedinte”, o desconforto associado a uma despedida de solteiro resulta das coisas que os acompanhantes o coagem a fazer. Uns porque são descomprometidos e em “tempo de guerra não se limpam armas”, outros porque estas situações são apenas uma extensão da sua “postura quotidiana” e outros porque sempre tiveram curiosidade de fazer isto ou aquilo.
Sobra o quarto grupo, que se enquadra na mesma onda do despedinte, a da tolerância. Este grupo entende o verdadeiro significado por trás do ritual e, para não fazer a desfeita, alinha nas brincadeiras.
Então para que servem afinal as despedidas de solteiro/a?
Simples, servem para o/a “despedinte” se ir acostumando a fazer figuras ridículas em público, a engolir sapos e a passar fretes, tudo com um sorriso nos lábios.